Rafael Almeida

Estou pouco me lixando para o PIB

Hoje vou falar sobre um assunto que ainda não falei nesse blog, economia, mas falarei de economia sob uma perspectiva social e atual.

Diuturnamente ouvimos sobre as previsões de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), mas o que isso significa?

Segundo a Wikipedia:

O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_interno_bruto

Logo o crescimento do PIB é uma coisa boa, então porque eu estou me lixando para o PIB?

A resposta para essa pergunta é simples, e também pode ser encontrada no Wikipedia:

Distribuição de Riqueza - O PIB não leva em consideração diferenças na distribuição de renda entre pobres e ricos. Entretanto, diversos economistas ressaltam a importância da consideração sobre desigualdade sobre o desenvolvimento econômico e social de longo prazo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto_interno_bruto

Essa é a principal razão para que eu esteja me lixando para o PIB. Do que adianta crescermos em escala asiática (como os economistas adoram dizer), e entregarmos todo o nosso crescimento na mão do agronegócio e investidores?

Segundo o caderno de economia do Estado de São Paulo, “PIB cresce 2,3% em 2013 puxado por agropecuária e investimentos”, e segundo a Reuters BrasilO agronegócio, incluindo a produção das fazendas e das empresas relacionadas ao setor, deve ampliar sua participação no PIB brasileiro de 22,51 por cento em 2012 para 22,8 por cento este ano.”.

Ta bom, ta bom, mas qual o problema do agronegócio crescer? Isso deveria ser bom para o país. Aí voltamos para a minha principal crítica aos especialistas que fazem terrorismo sobre o “pequeno” crescimento do Brasil. Não podemos falar de agronegócio sem falar de latifúndios, e os números sobre latifúndios deixam claro que a distribuição de riqueza não faz parte do agronegócio, como podemos ver na matéria do IHU - Instituto Humanitas Unisinos.

A concentração desequilibrada de terras está na raiz da história brasileira. O antigo latifúndio, responsável pelas extensas propriedades rurais, “se renovou e hoje gerencia um moderno sistema chamado agronegócio”, constata Inácio Werner, em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail. Segundo ele, apenas no Mato Grosso, um dos principais polos do agronegócio no país, a má distribuição da terra é evidente e tem se tornado uma das principais causas de conflitos sociais. No total, “3,35% dos estabelecimentos, todos acima de 2.500 hectares, detém 61,57% das terras. Na outra ponta, 68,55% dos estabelecimentos, todos até 100 hectares, somente ficam com 5,53% das terras”.

Do latifúndio ao agronegócio. A concentração de terras no Brasil. Entrevista especial com Inácio Werner

Resumindo o crescimento do PIB não necessariamente é um fato positivo, já que, o crescimento atrelado ao crescimento do agronegócio, gera mais desigualdade.

Outro ponto, que me interessa, é a dívida pública brasileira. Não podemos falar sobre crescimento real e distribuição de riqueza, se não falarmos sobre a dívida e sua influência no dia a dia das pessoas.

Atualmente (2014), segundo a Auditoria Cidadã da Dívida, temos previsão orçamentária de 42.04% destinados a pagamento de juros e amortização da dívida, ao mesmo tempo, temos previsão de 3.49% para educação, 0.14% para saneamento básico, 4.11% para saúde e 0.38% para ciências e tecnologia.

“Tá, mas você mudou o foco do post”, não eu não mudei. O intuito desse post é mostrar que não devemos nos preocupar tanto com o crescimento econômico do país, ou com os dados “alarmantes” que vemos todos os dias na televisão. Em vez disso, devemos fazer as discussões de base, aquelas que realmente influenciam no dia-a-dia do brasileiro. Vamos falar sobre porque não temos educação e saúde de qualidade, vamos falar de divisão de riqueza e para isso teremos que passar por acumulo de riqueza. Acumulo de riqueza para os 1% mais ricos, aqueles que lucram com a dívida brasileira, aqueles que estão preocupados com o crescimento do PIB, porque são eles os donos dos agronegócio, são eles que vendem nossa água, mas em forma de soja (leia: Brasil exporta cerca de 112 trilhões de litros de água doce por ano).

E você? Tá ligando pro PIB, ou prefere aumentar o investimento em saúde e educação?