Antes de começar, vamos dar nome aos bois:
Meritocracia (do latim meritum, “mérito” e do sufixo grego antigo κρατία (-cracía), “poder”) é um sistema de gestão que considera o mérito, como aptidão, a razão principal para se atingir posição de topo. As posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento e entre os valores associados estão educação, moral, aptidão específica para determinada atividade. Constitui-se uma forma ou método de seleção e, num sentido mais amplo, pode ser considerada uma ideologia governativa.
Predominância dos que possuem méritos (numa sociedade, numa organização, num grupo, num trabalho ou ofício etc); predomínio das pessoas que são mais competentes e eficientes. Modo de seleção cujos preceitos se baseiam nos méritos pessoais daqueles que participam. Método que consiste na atribuição de recompensa aos que possuem méritos.
Direta ou indiretamente, todos os dias falamos de meritocracia, alguns exemplos claros são: entrevista de emprego, vestibular e eleições. Outros já não tão claros são: riqueza, pobreza, emprego, desemprego, luxuria e fome, desses que eu quero falar.
A meritocracia é apontada como causa do sucesso ou do insucesso em praticamente todos aspectos da nossa vida. É graças a meritocracia que se mantem o sonho capitalista de todo ser humano, a ascensão social. Todos os dias, enquanto escovamos os dentes, pensamos “vou trabalhar, quero melhorar de vida”.
O que não percebemos, é que somos vagabundos.
Pelo menos é o que diz o relatório da ONG britânica Oxfam divulgado no começo de 2014, mostra que o patrimônio das 85 pessoas mais ricas do mundo equivale às posses de metade de 46% da população mundial.
Que tal brincar de faz de contas? Então faz de conta que ‘mérito’ seja uma unidade de medida. Com isso, podemos fazer umas contas:
A população mundial é de 7.000.000.000
46% da população da 3.220.000.000
Logo, o mérito de um cidadão médio, entre os 46% mais pobres é de:
85 / 3.220.000.000 = 0.0000002639751552795031
E se eu não errei em nenhuma conta, o mérito médio de 46% da população, é praticamente inexistente em comparação aos 85 mais ricos. Ou ainda se quiser podemos pensar que um cara médio desses 85 se esforça 3788236 vezes mais do que um cara médio dos 46% mais pobres. Por isso que temos tantos pobres, porque são uns vagabundos.
Sei que isso tem pouco a ver com você, pois se esta lendo esse blog, provavelmente não esta entre os 46% mais pobres.
Mas, de acordo com a ‘Pirâmide de riqueza mundial’ do “Credit Suisse 2013 Wealth Report”, você deve estar entre os 22.9% da população que tem entre U$10k e U$100K ou entre os 7.7% que tem entre U$100K e U$1M.
Vamos assumir que você seja do segundo grupo mais abastado no planeta, então segundo a pirâmide:
0,7% da população tem U$98.8 trilhões
Isso da mais ou menos 49.000.000 pessoas
7.7% tem entre dez e um U$101.8 trilhões
Isso da mais ou menos 539.000.000 pessoas
Arredondando um pouquinho os números:
0.7% da população tem o mesmo mérito do que os 7.7% da população onde você esta
Logo, podemos concluir que:
539.000.000 / 49.000.000 = 11
Você tem 11 vezes menos mérito do que um cara médio que esta no grupo de cima. Resumindo, você é um VAGABUNDO
Cuspi um monte de números, te chamei de vagabundo, tenho que pelo menos explicar meu ponto de vista.
Na minha opinião, a meritocracia é uma grande farsa, ele serve para tratar de maneira igual, pessoas diferentes e na maioria dos casos, se torna injusta.
A meritocracia não leva em conta a situação social da pessoa, e é usada o tempo todo, para diminuir a empatia que temos com as pessoas, dizermos que quem é pobre, é pobre porque quer, porque é vagabundo. A meritocracia mantem o sistema desigual.
Para manter um pouquinho do nosso sonho, eu pesquisei uma lista de pessoas que trabalharam muito para chegar onde estão:
Jorge Paulo Lemann (Rio de Janeiro, 26 de agosto de 1939) é um empresário suíço-brasileiro, descendente de imigrantes suiços. Os pais de Jorge Paulo Lemann emigraram na região de Emmental, na Suíça. Seu pai fundou a fabrica de laticínios Leco, abreviatura de Lemann Company.
(…)
Depois de se formar em 1961-1962, ele trabalhou para a Credit Suisse. Em 1971, ele fundou, com três outros gerentes, a empresa brasileira Banco Garantia, vendido em 1998 ao Credit Suisse.
É um dos controladores da AmBev
(…)
Um exemplo de mérito, 9 anos depois de se formar tinha patrimônio para fundar um banco!
Joseph Safra é um banqueiro e empresário libanês, naturalizado brasileiro, é o segundo homem mais rico do Brasil e fundador do Banco Safra. É filho de Joseph Jacob Safra e Esther Teira Safra.
Judeu originário do Líbano, onde a família tem tradição no mercado bancário, José Safra estabeleceu-se no Brasil, onde adquiriu cidadania e fundou o Banco Safra, ao lado de seus irmãos Edmond e Moisés.
Outro grande exemplo de mérito, afinal de contas, ser filho de banqueiro dá um trabaaalho!
A TV Globo foi ao ar no Rio pela primeira vez em 26 de Abril de 1965, pouco mais de um ano após o golpe militar.
Roberto Marinho era o dono da emissora. Seu pai (Irineu Marinho Coelho) havia fundado o jornal O Globo em 1925, mas morreu logo depois. Seus filhos herdaram o jornal. Aos 26 anos, em 1931, Roberto Marinho tornou-se diretor do jornal.
Acho que estou percebendo um padrão.